Resenha: Dias melhores virão

by - quarta-feira, fevereiro 19, 2014

Dias melhores virão - Jennifer Weiner


Sinopse: Quando Ruth Saunders recebeu o telefonema de uma rede de televisão dizendo que sua série original seria levada ao ar, ela quase não acreditou. Embora tivesse passado a vida escrevendo, não pensava seriamente que seu roteiro (autobiográfico!) sobre uma mulher jovem, com excesso de peso, que vivia com a avó, e que decidira se mudar para Miami para fazer fortuna, pudesse ser realmente interessante para alguém. Tudo o que ela queria era ver sua série entre os comentários do público e das revistas especializadas, mas Ruth foi acordada bem depressa de seu sonho... Atores de cabeça vazia e ego inflado, e burocratas da emissora transformaram seu roteiro para atender a múltiplos interesses... Todo o esquema criado para se colocar uma série no ar é, ironicamente, narrado por Jennifer Weiner, ela mesma uma veterana da TV. As esperanças de Ruth são sistematicamente frustradas: os acionistas da rede insistem em uma revisão sem sentido, sua personagem principal, uma mulher cheia de curvas, passa a ser quase anoréxica, e a avó, Nana, de mulher madura e sofisticada passa a uma ninfomaníaca da terceira idade. Divirta-se com a escrita espirituosa e cativante de Jennifer Weiner e sua deliciosa capacidade de fazer valer, em cada um de seus livros, os sentimentos de todas as mulheres.

O que chamou a minha atenção no livro foi o tema: nunca havia lido uma obra que falasse sobre o lado dos roteiristas/escritores de séries, por isso achei super bacana a ideia. Mas, assim que comecei a ler, fui me desanimando.

Ruth não é uma personagem que cativa. Apesar de ter uma história que poderia ter sido melhor explorada, ela é a típica personagem vítima. Passa boa parte do livro se lamentando pelo acidente que aconteceu quando ela era criança, e fica se sentindo feia por causa de suas cicatrizes no rosto. Acho que a autora deveria ter tido um pouco mais de controle na hora de descrever algumas memórias: ela fica cavando tanto nesse tema de acidente, que acaba deixando o livro chato. Me peguei com vontade de sair pelo livro revisando tudo, cortando várias páginas. Se pudesse, acredito que teria reduzido a obra pela METADE.

Em contrapartida, o enredo em si é bom. Como eu disse, pelo tema de escritores de séries não ser muito explorado em livros (pelo menos em livros que eu li), a autora poderia ter feito algo mais empolgante. Parece que passei a história inteira ouvindo Ruth reclamar e se queixar da vida.

É claro que problemas todos têm, e faz sentido os personagens reclamarem em livros, mas sei lá. Não cativou, não me prendeu e até mesmo chegou a me irritar em uma cena. Eu explico: Em certa cena, ela relembra da briga com sua melhor amiga. A melhor amiga está namorando um garoto com espinhas. Nessa discussão, ela chama a amiga de: "roacutan humano". Não sei, meio que me chocou um pouco a conduta da personagem. Se o rosto dela é cheio de cicatrizes, o que a faz pensar que tem o direito de menosprezar alguém pelo seu rosto? E outra: quem aí NUNCA teve uma espinha? Sei lá, achei bem ofensivo, e foi o momento decisivo do livro, em que percebi que não iria gostar da leitura. Mas continuei lendo até o fim.

Apesar de não ser previsível, o fim sugeriu uma possível continuação. Não sei se é o caso, mas foi original, pelo menos. Adorei a avó dela, a Nana, e gostaria que tivesse participado mais do livro. Talvez se a narração fosse em 3ª pessoa, a leitura teria sido melhor. Tem que ter muito cuidado na hora de criar um personagem com um trauma profundo, porque isso pode tornar a leitura chata e cansativa.

Alguém aí leu? O que acharam?


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2 comentários

  1. Oi! :) Eu já passei esse livro na frente de todos, porque esperava algo bem descontraído. Estou querendo algo mais leve, sabe?
    Agora desanimei um pouco, mas espero ao menos apreciar leitura, mesmo que não seja incrível.

    Bjs ;)

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  2. Uau, sério que o livro é tão exagerado assim na parte do acidente? Uma pena sentir essa vontade de revisar o livro, já senti isso antes e dá uma dor no coração, porque realmente mostra como o livro não foi bem escrito :(

    Meio infantil isso da personagem criticar o que a faz mal, não é? E, se for parar para pensar, não faz sentido alguém agir assim. Ainda mais alguém que vive reclamando do rosto!

    Eu ainda não li e nem lerei, devo confessar. Me irrita demais personagens assim. E o livro é gradinho, até.

    Beijos, Mo!
    Mell Ferraz
    http://www.literature-se.com/

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