Love Is Not A Competition (Mas você ganhou)

by - sexta-feira, julho 19, 2013

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A tinta do delineador está delineando toda a minha dor. Você pode vê-la escorrendo pelo meu rosto, escrevendo em minha pele tudo que você não disse, tudo que eu não disse. 
Entregamos os nossos lápis e deixamos nosso irmãos terminarem essa história por nós.
Talvez tivesse sido mais fácil se eu tivesse te encontrado sexta. Ou sábado. Ou qualquer dia em que o destino tivesse permitido. Mas eu sei bem que morreria se te visse lá. E morri porque não te vi.  Mas sobre reecontros, estamos cansados de falar. O desencontro é a novidade. O desencontro, agora, é a nossa única certeza. 
Eu sabia da pontuação desde o começo. Eu ganhava na noite e perdia nos dias da semana. Você fingia perder na noite, mas ganhava. Ganhava todo tempo, a cada vez em que eu não neguei, a cada vez em que não dei às costas à você.
Parabéns, você ganhou.
Ganhou.
Ganhou.
Ganhou.
Mas qual é o seu prêmio? Onde está sua plateia? Porque tudo que vejo é um garoto andando sozinho na rua. E ninguém para contemplar o show que você acabou de dar. A sua única espectadora foi embora. Te deletou. Se deletou. 
Pra onde ela foi? 
Você não sabe.
Vai querer encontrá-la. Vai querer segurar na mão dela novamente. Vai querer ouvir ela falar 'não', só para não falar nada nos próximos segundos, porque ambos estarão ocupados demais para falar. Sabe o que você também vai fazer? Vai passar em frente da casa dela. Vai bater na porta. Olhar pela fresta da janela. Talvez, quem sabe, ir até o quintal.
Mas ela se foi.
Não há ninguém lá. Ela abandonou a casa. E você virou o fantasma que para sempre ficará preso lá. 
Um lembrete a todos para nunca jogarem um jogo em que todos saem perdendo. Que estupidez. Entramos no jogo tendo a certeza de que iremos perder. E entramos mesmo assim. Porque aquele resquício de esperança, aquele resquício de "talvez esse jogo vire uma história que valha a pena ser escrita" é melhor do que qualquer colisão noturna, melhor do que qualquer bebida forte, melhor do que qualquer mensagem visualizada e respondida.
Eu perdi, tá legal? Perdi sim.
E, apesar de estar um pouco envergonhada e humilhada por sempre sentir tanto, tanto e sempre ter que afogar esses sentimentos, todas essas noites, todas as "suas mãos são macias", todas as "ei, escritora!", enfim, apesar de tudo isso, eu me orgulho de ter perdido. 
Porque perder neste jogo significa que a felicidade vem em seguida. Significa que, se eu virar a esquina, vou colidir finalmente com o meu destino. E é muito triste, sabe, mas você não vai fazer parte de nada disso. Na minha vida extraordinária, você só estará em meus livros. Não como o garoto pelo qual vale a pena lutar, mas pelo qual vale a pena esquecer. 
E, se você estiver lendo isso, por favor, não se sinta mal. Não se culpe. Quero que você fique em paz. Porque eu estou em paz. Finalmente, em paz. Não sinto raiva. Não te odeio. Gostaria de dizer também que não sinto nada, mas sabemos que seria mentira. Sinto, sim, e talvez continue sentindo. 
Mais uma vez, te dou parabéns. 
Sorria, fantasma. 
Sorria porque você ganhou.

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2 comentários

  1. É ai que eu pergunto ao Eu lírico; Por que 'se deletar'?! Por que não apenas deletar o indivíduo que tanto lhe faz sofrer?! Parece uma medida desesperada, como um médico tentando curar um paciente com vírus matando o próprio paciente, é claro, o vírus vai morrer, mas e as consequências que ficam?! Você não perdeu, só precisa se recuperar da pancada.
    Desprenda-se! You deserve a lot better!

    PS: O texto está ótimo, como sempre =D.

    http://www.youtube.com/watch?v=zOngbh409VY
    Achei que você poderia gostar.

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