Vocês se lembram de quando estavam na escola e a pior coisa que poderia acontecer era a professora mudá-los de lugar? Eu me lembro. Ela entrava na sala e todos tremiam na base. O medo de ser separado do seu melhor amigo. O medo de ser transferido para um lugar novo, com pessoas novas, com visões novas e ventos novos. Eu rezava - aimeudeus - para continuar no mesmo lugar, sempre no mesmo lugar. Porque eu conhecia aquele pequeno espaço. Conhecia quem sentava ao meu lado. Conhecia a tão confortável parede em que me encostava e dormia.

Era a minha zona de conforto, minha pequena bolha impenetrável, nada nem ninguém poderia me atingir enquanto eu permanecesse ali.

Mas hoje, dois anos depois, tudo que eu queria era uma professora para me mudar de lugar. Para que me obrigasse a conhecer pessoas novas, ambientes novos, ares novos. Sentir o vento do outro lado da sala. Entender como o mundo é visto daquele lugar. Queria uma professora que me forçasse a sair da minha zona impenetrável, para que pudesse abrir o zíper do meu corpo e entrar em outro.

Há dois anos, tinha medo da mudança. Hoje, tudo que mais quero é mudar. Conhecer gente nova. Conhecer gente que me tire do tédio, que me surpreenda e que me mostre que a vida é mais do que parece ser. Quero conhecer um lugar onde possa me sentir viva, mesmo que toque a música que eu mais discrimine, só para me fazer quebrar a cara - de um jeito bom - bem feito, idiota, tá vendo, você também pode se divertir aqui.

Quero mudar. Quero vida nova. Reveillon, talvez. Beijo de meia noite, se tiver sorte. E, se for mais sortuda ainda, a resposta que espero a cada segundo do dia. E vai chegar. Eu sei que vai...