2 meses de França!

by - quinta-feira, agosto 03, 2017


Escrever esse post me traz uma sensação incrível. Ao mesmo tempo surpresa, feliz, incrédula, e até mesmo um pouco assustada (embora esteja me afastando de termos assim, quero tentar me desvencilhar do medo que temos do desconhecido). Já faz - ou será que só faz? - 2 meses que estamos morando aqui em Toulouse, na França. Tantas coisas maravilhosas já aconteceram, tanta gente legal já cruzou o nosso caminho, tantas descobertas... 

"Mantenha-se faminto por coisas novas, mantenha-se certo da sua ignorância. Continue ávido por aprender, continue ingênuo e humilde para procurar. Tenha fome de vida, sede de descobrir. Stay hungry, stay foolish." (Steve Jobs)

Quero falar sobre as pessoas daqui. Nunca na minha vida conheci tanta gente. Se contar, chega a quase 40 pessoas novas. No Brasil, eu torcia para fazer uma nova amizade. Aqui, você sai uma vez e volta com 10 contatos novos no celular. E gente que está disposta a te ajudar, a te ouvir, a entender o que te fez largar tudo para vir morar em outro país. E acho isso uma das coisas mais incríveis: ouvir o outro, trocar pensamentos e experiências. Por exemplo, há 2 semanas conhecemos uma argentina. Nos identificamos com ela na mesma hora, e ela conosco, pois tem um namorado brasileiro. Ela viaja sozinha, mochila nas costas e sorriso no rosto - e que energia boa! Quando a conversa se tornou mais profunda, pensei: essa menina passou por alguma coisa muito intensa, uma mudança muito séria na vida dela para largar tudo e viajar o mundo sozinha. Minutos depois, a revelação: seu melhor amigo morreu, e isso fez com que ela acordasse. Você está acordado?

Quero falar sobre se perder, mas jamais se sentir perdido. Cada rua, cada beco... Aqui não sinto medo de ir parar em um lugar desconhecido, porque cada escolha errada também pode levar ao destino certo. E quantas vezes, por entrar na rua errada, eu e a Mônica não nos deparamos com casinhas lindas, museus escondidos, etc? E embora ainda não tenha colidido com a nossa nova história, sei que ela está logo ali, ao virar a esquina, tão perto que quase conseguimos sentir o gostinho da tinta nas páginas. Hoje não temos muitas garantias, e isso, de alguma forma, nos deixa mais livres para viver cada dia. No Brasil eu tinha tantas certezas, e acho que isso acabou me deixando com a visão distorcida das pessoas, do mundo... Não se segurar tanto em verdades absolutas nos ajuda a abrir a mente e abraçar o desconhecido, não como um estranho que oferece bala no sinaleiro, mas sim um novo amigo que estará ali para você sempre que precisar. 

Também quero falar sobre perdão e aceitação. Vim aqui com o coração cheio de mágoa, tristeza, dificuldade em aceitar que até mesmo as amizades mais longas também devem partir. Mas nesse tempo, tudo foi embora. Todo rancor, tristeza em deixar anos e anos escorrerem por entre os dedos... E para essas pessoas que já não fazem mais parte da nossa vida, mas para sempre ficarão na nossa história, eu só desejo o melhor. Que vocês sejam felizes do mesmo jeito que eu e a Mônica estamos felizes aqui. 

Por fim, vou falar sobre carpe diem. Aproveitar cada segundo do dia. E não só isso, mas também não pensar - e se preocupar - tanto com o futuro. Na nossa última aula de francês, nossa professora disse: Não tenham medo do amanhã, meninas. Vivam o agora e aproveitem cada minuto dessa nova etapa. Vejam os pássaros. Eles acordam todas as manhãs sem saber se terão um ninho para dormir no dia seguinte. Ou se terão o que comer. Mas não há um dia sequer que não cantem, que não voem... São livres. No sentido mais puro e belo da palavra. São destemidos, apesar de terem todas as razões do mundo para duvidar do amanhã. Eles não somente vivem o dia de hoje, mas o aproveitam porque seu instinto lhes assegura: o amanhã ainda não existe, mas o hoje... O hoje está bem aqui, diante dos seus olhos.

Au revoir!

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