Onde você está?

by - segunda-feira, junho 11, 2018


eu te disse que não te daria minhas palavras pois não queria que você descobrisse o jeito que eu te enxergo, e você afirmou já saber, que já sabia havia alguns meses, mas você nunca soube e nem ao menos poderia, porque nem eu sei. a única coisa que eu posso te dar são essas palavras, é o modo como enquanto estava lá, eu nunca estava 100% lá: estava sempre escrevendo sobre você, sobre nós, a noite, as colisões, as taças de vinho intermináveis, o medo de não acabar na sua porta às 3h da manhã, a fumaça do cigarro, o mapa pendurado na sua parede que eu jamais cheguei a assinalar, as mensagens em três línguas diferentes mas que jamais diziam o que importava, o post-it colado na sua porta, que eu sempre pensei que fosse um bilhete especial do seu último amor, mas que na verdade era apenas o código do seu portão, os jantares na sua casa - aqueles onde eu sempre chegava atrasada e sempre fugia nas manhãs seguintes, porque se eu ficasse então jamais conseguiria ir de verdade, foi também sobre o vínculo com o seu pai, a cachaça do jambu, a maneira com que você jamais falava do passado, ou como partir e deixar tudo para trás parecia ser seu esporte favorito, ou como você era capaz de me ler inteirinha sem eu nem ao menos abrir a boca, era também sobre você desenhando na minha pele quando a noite era noite no sentido mais absoluto da palavra, você sabe, quando estamos apenas a alguns segundos do amanhecer. eu estava lá mas também não podia deixar de escrever sobre a sua loucura, ou o modo como a sua loucura nunca foi loucura de verdade pra mim. era coragem, coragem no sentido mais belo e você me fez voar e cair ao mesmo tempo e eu jamais vou saber como isso é possível, mas eu te juro que a sensação é a mesma. você vai olhar para isso tudo e pensar que-diabos, essa menina é louca, mas era isso, era nisso que eu pensava enquanto respondia com oui ou non, era isso que eu escrevia enquanto você enchia minha taça mais vinho sim por favor obrigada, era no coelho estúpido do metrô de paris, era a francesa dizendo mais et toi tu aimes quand…? era você segurando minha mão na jean jeaures e me guiando noite a dentro, era você me seguindo até o elevador, era eu e você na bicicleta às 4h da manhã porque o metrô já tinha fechado, eu morrendo de medo de cair e você rindo e pedalando rápido rápido rápido, era a flor que você me deu, ela, que só florescia no dia primeiro de maio, tão efêmera, bela e preciosa quanto nós, era tudo e nada disso ao mesmo tempo e agora acho que você entendeu onde eu estava nesses últimos nove meses. me desculpa por não estar presente, você vivia dançando atrás da minha cabeça e era difícil, quase impossível, não pegar na sua mão e dançar também. mas acho que você entendeu, acho que agora finalmente entendeu.


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7 comentários

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